Versão testada: Pokémon White
Mas antes de falar das novidades destes novos jogos, preciso de falar do seu argumento pois, por incrível que pareça, foi das coisas mais trabalhadas para este novo jogo.
Como sempre, protagonizamos um treinador de Pokémon que se vai iniciar no ramo, desta vez vive numa pequena vila no sul de Unova (a nova região baseada em Nova Iorque). Quando tomamos controlo da personagem, os seus dois amigos infância chegam ao nosso quarto com um embrulho dizendo que é um presente da professora Juniper (isso mesmo, uma mulher!), onde lá dentro tem três diferentes Pokébolas com cada um dos Pokémons iniciais desta região, Snivy do tipo erva, Tepig do tipo fogo e Oshawott do tipo água. Depois de escolhido o nosso, a nossa amiga Bianca escolhe o inicial que tem desvantagem de tipo face ao nosso Pokémon e Cheren o que tem vantagem, algo que reflecte as suas personalidades pois enquanto Bianca é uma rapariga bastante distraída que quer ser amiga dos seus Pokémons, Cheren é um rapaz mais cautelista e ambiciona ser o melhor treinador, mas ambos têm um bom coração e primam o espírito de grupo entre os três.
Depois disto dá-se início a batalhas no nosso quarto que acaba por ficar destruído por causa destas ferozes batalhas de Pokémons a nível 5, e enquanto a nossa mãe limpa a porcaria feita vamos ao encontro da professora local agradecer o presente, só que ela tem segundas intenções e manda-nos ir dar uma volta pela região de Unova em busca dos 8 Badges para desafiar a liga Pokémon, para além de nos dar a tarefa de preencher a Pokédex.
Até agora tudo normal não é? Mas depois de nos introduzirmos ao jogo, eventualmente acabamos por chegar a uma nova cidade onde um misterioso grupo de pessoas vestidas como templários está no centro da cidade onde o seu líder Ghetsis começa a partilhar os seus ideais com os locais dizendo os Pokémons se sentem oprimidos pois nós estamos a aprisionar-los em Pokébolas e que eles devem de viver em liberdade, desta forma apelando para que as pessoas libertem os seus Pokémons. As pessoas ficam algo intrigadas com este grupo chamado de Team Plasma, uns dizem que eles têm razão, outros que não faz sentido e aí surge um debate de ideais entre as várias pessoas que encontramos ao longo de Unova. Como seria de prever, a Team Plasma é a organização que vamos encontrar ao longo da nossa aventura, mas também existe um misterioso rapaz chamado de N que mostra concordar com a Team Plasma e aclama que consegue ouvir os que os Pokémons dizem.
Dito isto, dá para ver que o argumento foi bem pensado e acaba por fazer o jogador questionar-se sobre a questão, de forma a ser um dos principais focos destes novos jogos.
Ao longo desta nova aventura acabamos por reparar que não encontramos nenhum Pokémon que nos é familiar pois existem 156 novos Pokémons e até terminar o jogo não encontramos mais nenhuma espécie, uma decisão interessante por parte da Game Freak que mostra claramente a intenção de tornar estes novos jogos num ponto de viragem na série, mas também consegue transmitir aos jogadores veteranos uma sensação de nostalgia pois partimos à aventura de algo que nada conhecemos, tal como nas velhinhas versões Red e Blue. Gostei bastante desta medida, mas também tenho de referir que existem novas formas de encontrar Pokémons. Para além das ervas altas, também existem ervas mais escuras onde vivem Pokémons algo mais fortes dos que se encontramos nas ervas normais ou até podem ser exclusivos dessas ervas, mas a característica principal delas é que podemos encontrar dois Pokémons diferentes ao mesmo tempo activando uma batalha dupla, algo feito para se treinar dois Pokémons em simultâneo e descobrir novas espécies de uma só vez, mas atirar uma Pokébola só é possível quando só está um Pokémon adversário em campo. Pessoalmente, estas ervas de batalhas duplas pouco me dizem, mas a principal novidade de encontros selvagens são para mim os "Fenómenos". Muitas vezes quando passeamos em volta das ervas, um pequeno espaço dessa quantidade de ervas começa a mexer-se e se formos ao encontro dela encontramos Pokémons mais raros, sendo o Pokémon menos raro os Audinos, simpáticos Pokémons que nos dão montes de experiência o que torna a evolução de nível muito mais cómodo. O mesmo se aplica em cavernas quando um pequeno spot de terra começa a fazer poeira (mas aí até podemos encontrar itens como as Gems), sombras de Pokémons voadores que estão a sobrevoar pontes (onde também se encontram penas que aumentam os stats dos nossos Pokémons) ou na água onde podemos pescar ou surfar por cima dessas marcas negras. Seja onde for, Pokémons mais raros irão aparecer nesses locais e muitos deles demoram a aparecer. Um outro fenómeno que marca estreia na série são as Critical Captures que quanto mais a nossa Pokédex estiver preenchida com Pokémons capturados, isto é bem mais provável de acontecer. Este tipo de captura funciona da mesma forma que os Critical Hits dos Pokémons, acontece de uma forma aleatória e quando acontece ouve-se um sinal sonoro quando a Pokébola é lançada e ela mexe-se no ar, desta forma as probabilidades de capturar o Pokémon são maiores e para isso acontece basta a Pokébola abanar uma vez.
Para além destas novidades, foram introduzidos dois novos tipos de batalhas, as Triplas e as Rotativas. Tal como o nome indica, nas batalhas Triplas temos de utilizar três Pokémons dos nossos fazendo um total de seis Pokémons diferentes em combate. A lógica é a mesma das Double Battles, só que adiciona uma condicionante de posicionamento no terreno, ou seja, os Pokémons que estão nas extremidades do terreno não podem atacar o Pokémon da extremidade oposta mas os Pokémons que estão no centro do terreno conseguem chegar a todos os Pokémons, mas também possível alterar o posicionamento das nossas criaturas no terreno de forma a fazê-los desviar de ataques inimigos ou amigos ou ainda acertar um ataque num Pokémon que não se podia atacar antes. Este sistema pode parecer algo complexo, mas na verdade não, é só juntar a lógica de Pokémon às posições de terreno. O outro tipo de batalha, Rotativas, também precisa de 6 Pokémons em campo ao mesmo tempo, mas ao contrário das Triplas apenas um Pokémon combate por cada turno e antes desse mesmo turno começar temos de escolher que Pokémon ataca e que movimento usa de forma a fazer com que o jogador tente adivinhar que Pokémon o seu adversário vai utilizar. Estes dois novos tipos de batalha trouxeram combates ainda mais estratégicos aumentando o leque de desafios, e eu gostei bastante destas introduções, sobretudo as rotativas.
Uma outra grande novidade no que toca à aventura foram as estações do ano, a cada mês da vida real é atribuída uma estação de forma que existam 3 ciclos estacionais por ano, e isto não só tem o seu impacto a nível visual como também no jogo, por exemplo, no inverno está muito frio e até neva em muitas das regiões, assim encontramos lagos congelados ou certos buracos preenchidos com neve e isto permite que nós cheguemos a zonas que não podemos explorar noutras alturas, mas as estações também afectam nos Pokémons selvagens que aparem, no mesmo Inverno é mais comum encontrar Pokémons do tipo gelo e os Pokémons que são aves nem sequer aparecem por estarem a imigrar, um detalhe que gostei bastante.
Outras novidades são o C-Gear, aparelho que facilita a comunicação com outros jogadores (até torna combates online bem mais acessíveis), Entralink e o Pokémon Dream World, hoje essas funcionalidades já não estão activas mas foi uma funcionalidade onde podíamos visitar o mundo dos sonhos dos nossos Pokémons através de um Browser da internet e através de mini-jogos podíamos conseguir certos Pokémons com a sua Hidden Ability e transferi-los para o jogo, uma funcionalidade bem interessante porém chata para os jogadores mais veteranos pois é um site destinado para os mais novos. Para além disso Uma outra novidade são os Pokémon Musicals, são a actividade secundária desta quinta geração e consiste em vestir os nossos Pokémons e fazê-los dançar num palco, e parecendo que não é um belo desafio fazer com que os nossos Pokémons sejam os vencedores, mas para além de prestigio desse ramo não existe qualquer outro benefício. Já para os treinadores mais entusiastas, existe o Battle Subway que é a Battle Tower desta geração onde o objectivo é vencer um determinado número consecutivo de batalhas para derrotar um dos líderes que será um dos dois irmãos ou ambos quando nos embatemos em batalhas múltiplas.
Também existiram novidades menores mas que têm o seu impacto nos jogos, a minha adição preferida são os TM's reutilizáveis tal como os HM's, os centros de Pokémon agora também têm o Poké Mart lá inserido, quando trocamos Pokémons com alguém podemos trocar directamente os Pokémons que temos armazenados no PC e podemos associar vários Key Items ao botão Y em vez de apenas um ou dois. Foram pequenas adições que tornaram a vida de um treinador mais cómoda.
Agora vamos ao que não gostei nestes jogos, antes demais foi um dado pequeno passo atrás no uso do ecrã táctil, as funções principais continuam a poder ser manuseadas através do ecrã inferior, mas não é tão requisitado como em Heart Gold e Soul Silver, o que acho uma pena porque a principal característica desta consola da Nintendo é o seu ecrã táctil. Para além disso, a movimentação do nosso personagem pelo cenário continua igual, andamos de quadrado em quadrado e isso não é propriamente confortável, é a mesma fórmula desde 1996 e precisa de ser renovada.
Falando em longevidade, o jogo é bastante grande mas peca por ser bastante linear, a história pode ser uma virtude mas implica que sigamos uma ordem de eventos mas não incentiva a visitar os locais que fomos conhecendo até então. Por outro lado, quando terminarmos a história o lado Oeste de Unova fica desbloqueado para explorar e existe muito que ver, mas não existem grandes motivos para o fazer mesmo existindo uma tarefa secundária de capturar certos fugitivos. A não ser que queiram capturar e treinar com Pokémons bastante fortes e também das regiões antigas, quer selvagens quer de treinadores, não existe muito que fazer nesse lado, a única atracção é mesmo o PokéTransporter para transferir os Pokémons dos jogos da 4ª geração (é obrigatório ter duas Nintendo DS ou 3DS para esse processo) e isso está mesmo ao lado de Nimbasa City, logo não precisa de muita exploração para se aceder. A nível de conteúdo este jogo é bastante incoerente, o que existe para fazer está disponível assim que possível, mas também deixa algo a desejar quando comparado às entregas anteriores, sobretudo a nível de variedade pois o Battle Subway não se compara à Battle Frontier.
A nível de dificuldade, este jogo é um pouco mais exigente quando comparado às entregas anteriores, vê-se logo através do primeiro ginásio do jogo que tem três líderes diferentes e cada um com a sua especialidade, e aquele que iremos enfrentar é quem tem um Type Matchup em vantagem do nosso Pokémon inicial, e até defrontá-lo só iremos arranjar um Pokémon que tenha vantagem sobre a sua especialidade que é um dos macacos elementais (Pansear, Pansage e Panpour) e eles não são os melhores Pokémons a curto prazo. Mas as novas mecânicas desta entrega podem tornar as sessões de treino muito mais cómodas e é perfeitamente possível acompanhar o ritmo que o jogo proporciona.
Finalmente vamos ao nível visual e posso dizer que Black e White finalmente tiveram mudanças quando comparados aos jogos anteriores. Nas batalhas continuamos a ver Sprites dos Pokémons mas as criaturas agora estão em constante movimento e quando são postas a dormir até fecham os olhos, mas a animação é sempre a mesma quer os Pokémons ataquem, sofram danos ou não façam nada. Visualmente está algo mais apelativo e interactivo, mas não é a evolução que a série precisava. Fora isso, as animações de ataques continuam de grande qualidade tal como a série nos tem habituado. Fora de batalhas é onde o jogo tem maior destaque, Unova tem um aspecto mais realista e não tão cartoonesco e colorido como as entregas anteriores, capta a essência de uma região mais citadina tal como Nova Iorque é mas existe diversidade de locais e isso vê-se na existência de um extenso deserto logo ao lado de Castelia, a principal cidade do jogo e é enorme. Se ela tivesse sido inspirada em Las Vegas, ainda fazia algum sentido mas isto é acima de tudo um videojogo não é verdade? Seja como for, eu gostei bastante deste novo estilo de arte que foi dado à série, mas o facto do jogo continuar em 2D e meio tal como os outros jogos da 4ª geração (modelos de edifícios em 3D mas personagens e movimentação 2D), compreende-se tendo em conta a plataforma escolhida mas a série precisa de uma lufada de ar fresco neste aspecto.
Por fim o Som, não foi ao acaso que deixei este aspecto para o final pois "o melhor fica para o fim" não é verdade? Esta banda sonora é espectacular a todos os níveis, a melhor da série da série na minha opinião (pelo menos até ao lançamento de Black e White), existe variedade, quantidade e acima de tudo qualidade, bastantes músicas memoráveis e eu ainda só estou a falar de músicas! Já os efeitos sonoros, este capítulo segue as mesmas pisadas de Heart Gold e Soul Silver de mas de uma forma ainda melhor que tornam o mundo mais vivo com pequenos detalhes, como o vento e ondas do mar ou o ouvir de ervas a mexerem-se quando algum Pokémon começa a saltar nas ervas, parece mesmo realista e existe dinâmica na própria melodia pois em diversos sítios a bateria começa a tocar quando andamos com o nosso personagem ou quando falamos com certas personagens que adicionam mais um instrumento à melodia que está a tocar, fantástico. Este é o melhor trabalho sonoro original que a série Pokémon já teve.
Jogabilidade 9 - Novas formas de batalhar aumentam o desafio, mas a navegação pelo cenário começa a fartar;
Longevidade 8 - O jogo é bastante longo e enquanto existe história é bastante apreciável, depois disso deixa de o ser;
Dificuldade 9 - O jogo é bastante exigente quando comparado aos anteriores, mas as novas funcionalidades ajudam a manter o nível;
Gráficos 8 - Embora note-se um desgaste, a mudança no estilo de arte torna o jogo bem apreciável;
Som 10 - Do melhor!
Nota Final - 8,8
Embora seja claro que Pokémon precise de uma nova plataforma para crescer mais, esta espécie de reboot trouxe algo de novo à série e consegue destacar-se por isso mesmo pois fez com que muitos dos dos fãs que deixaram de ligar à série ao longo dos anos voltassem a ser interesse.
Dito isto, posso afirmar desde que a série saltou do Game Boy Color esta é a minha geração de Pokémon preferida.
Última edição por BAlvez em 1/3/2014, 22:30, editado 2 vez(es)